Bangalore, India
(Abaixo a continuação do post O Espaço do conhecimento)
“Se você observar cuidadosamente, muitos eventos surpreendentes estão acontecendo o tempo todo e por toda parte nesta criação, e por tudo que há na Natureza. Ma você precisa ter um tipo especial de visão para ficar apto a ver esses eventos surpreendentes. Isso se chama Yoga”.
Gurudev
Chamamos alguma coisa de surpreendente ou de maravilhosa quando ela não é comum. Mas se o mesmo evento acontece todos os dias, não o nomeamos como uma maravilha, porque não achamos nada de surpreendente nisso.
Quando de repente você vê alguma coisa diferente do que habitualmente vê, você diz ‘Ó! Isso é surpreendente! É uma maravilha’. Então, um segredo é também algo assim. Ele sai do comum.
Uma mangueira só vai dar mangas como frutos. Isso não é nenhum segredo. Um coqueiro só dá cocos. Há algum segredo nisso? Mas se um dia você vir uma manga crescendo num coqueiro, isso já é uma maravilha. Você diria: ‘Isso é um milagre! É uma coisa espantosa que tenha acontecido. É extraordinário’.
Se você observar cuidadosamente, muitos eventos surpreendentes estão acontecendo o tempo todo e por toda parte nesta criação, e por tudo que há na Natureza. Mas você precisa ter um tipo especial de visão para ficar apto a ver esses eventos surpreendentes.
Temos de mudar o modo de ver as coisas (isso significa passar a ter uma visão mais ampla). Chama-se isso de Yoga.
Quando você vê esta criação a partir da perspectiva da Ioga, você acha tudo muito surpreendente. E ainda mais surpreendente é que tudo nesta criação é uma manifestação do que não pode ser visto.
Tudo nesta criação saiu do espaço vazio.
Diz-se que, quando você vê esta criação a partir da perspectiva da Ioga, você acha tudo tão admirável, tão surpreendente. E ainda mais surpreendente que isso é que tudo nesta criação é uma manifestação do que não pode ser visto; uma manifestação da consciência nãomanifestada!
Tudo nesta criação saiu do espaço vazio.
É por isso que Lord Krishna diz: ‘Na cha matsthani bhutani pashya me yogam aishvaram. Bhuta-bhrnna cha bhuta-stho mamatma bhuta-bhavanah’. (9.5)
Lord Krishna diz: ‘Ó Arjuna! Todas as coisas nesta criação repousam dentro de Mim, embora eu não esteja nelas (não confinado ou limitado pela criação, embora ela seja criada pelo Lord Ele Mesmo). Os cinco elementos nasceram de Mim e residem em Mim, embora eu não esteja neles. Olhe para esta magnificência fenomenal da (Minha) Ioga’.
Por exemplo, seu corpo é composto pelos Pancha Bhutas (cinco elementos) e seu corpo é envolvido pela sua mente. E na sua mente, você pensa nos cinco elementos, nos verões quentes e nos invernos frios, na comida, no abrigo, etc. Mas é a mente que come a comida?
Você pensa sempre num Gulab Jamun ou no Rasogulla ( doces indianos populares), mas a mente pode comer esses doces? Não, é o corpo que come, mas o pensamento da comida entra na mente (e não no corpo).
A sua mente pode segurar um Rasogulla? Não, não é possível. Mas os pensamentos e sentimentos pelo Rasogulla levantam-se na mente.
Do mesmo modo, Deus está presente nesta Ciração inteira. Como é isso então?
Lord Krishna explica isso no seguinte verso:
‘Yathakasa-sthito nityam vayuh sarvatrago mahan. Tatha sarvani bhutani matsthanity upadharaya’. (9.6)
Ele diz; ‘Assim como o elemento ar está presente em todo o espaço, em toda parte, do mesmo modo, esta criação inteira reside dentro de Mim. Qualquer coisa que você vê ao seu redor, tudo repousa em Mim, e não há nada que esteja fora de Mim’.
Uma criança pequena de oito a dez anos pergunta ao seu pai: ‘O que é Deus? Com que Ele parece? Onde Ele está’?
O pai toma a criança pela mão e leva-o para fora de casa.
Ele pergunta à criança: ‘Meu querido! Diga-me o que estava aqui antes desta casa ser construída’?
A criança responde: ‘Não havia nada. Tudo isso era um espaço vazio’.
O pai pergunta: ‘E onde a casa está sendo construída agora’?
A criança diz: ‘Ela está sendo construída no espaço’.
O pai então pergunta: ‘Então, se nós demolirmos esta casa, o que vai ficar’?
A criança diz: ‘De novo, só ficará o espaço’.
Então isso significa que o espaço estava aí no passado, está aí no presente e estará presente no futuro também. Ele permanece imutável e não afetado pelas coisas. Este espaço é o que Deus é.
Nos Upanishads, há uma pergunta: ‘Kim Brahmayeti’? (Que significa: O que é o Brahman? Ou, O que o Brahman contém?), e a ela foi dada a resposta: ‘Kham! Kham Brahmayeti’! (que significa: Espaço! O Espaço e tudo que ele encerra é o Brahman!).
Então, assim como o elemento espaço está presente em toda parte e em todas as coisas, do mesmo modo o Brahman ou Deus está presente em toda parte.
É por isso que toda vez que nos lembramos de Deus, cantamos: ‘Namami-shamishan nirvan roopam vibhum vyapakam Brahma-ved swaroopam. Nijam nirgunam nirvikalpam niriham chidakashmakashvasam bhajeham. Nirakaromkarmulam turiyam gira-gyan gotitamisham girisham. Karalam Mahakal kalam kripalam gunagar sasarparam natoham.
(Começo dos versos do Rudrashtakam – Uma Ode cantada pela glória de Lord Shiva, por Shri Goswami Tulsidas)
Isso significa que Deus é o vasto espaço infinito da Consciência.
Assim como o elemento espaço está presente em toda parte, do mesmo modo o Brahman ou Deus está presente em toda parte.
Alguém que sai à procura (do Divino) fora de si é um tolo. Aquele que vai para dentro de si mesmo alcança o Self (Divino), e é inteligente.
Há um verso cantado em louvor de Lord Dakshinamurthy (uma forma benevolente de Lord Shiva, como sendo a incorporação de todo o conhecimento), que diz: ‘Vyomavad vyaapta dhaaya Shri Dakshinamurtaye namaha’. (Significando: A obediência a Lord Dakshinamurthy, a personificação do Supremo Eu (Self) que permeia todo o espaço). Isso significa: com o que se parece o corpo de deus? Ele é vasto, infinito como o céu.
Lord Krishna também diz a mesma coisa: ‘Assim como o ar presente está por todo o espaço, do mesmo modo, todas as criaturas e todas as coisas na criação residem dentro de Mim. Então, todas as criaturas, os cinco elementos, a natureza, absolutamente tudo reside em Mim’.
Agora, todos vão procurar o que está presente em toda parte? Aquele que vai procurar (pelo Divino) fora de si mesmo é um tolo. Aquele que vai para dentro e repousa dentro de si mesmo alcança o Self (Divino), e é o inteligente. Mesmo que você fique visitando lugares de peregrinação, um após o outro, como o Kailash-Mansarovar (um lugar de veneração de Lord Shiva nos Himalaias), você não está indo em busca de Lord Shiva.
Onde quer que você esteja, quando simplesmente fica silencioso e vai para dentro de si mesmo, nesse mesmo momento, você encontra Deus.
Lord Shiva está presente em todo lugar, como Chidakasha: o espaço todo-penetrante da consciência. Deus é como o céu (espaço). O espaço é visível? Você pode ver o espaço? Sim e não.
Você deve ter a fé total de que Deus está presente em toda parte. Não corra atrás de Deus. Não fique febril para ver Deus (significando o desejo de ver Deus como uma forma).
Há uma bela parelha de versos do Santo Kabir Das: ‘Hari Hari kehta Mai phira, Par Hari nahi milay. Jab mai theher karr chhup ho gayya, toh Hari laage peeche kehat Kabir! Kabir! ’
(Significando:Enquanto febrilmente busquei Deus em toda parte, não consegui encontrá-lo em lugar nenhum. No momento em que relaxei e repousei no meu Eu (Self), Deus veio atrás de mim, chamando ‘Kabir! Kabir!’!).
(Nota: Este discurso foi feito em Hindi. Acima está a tradução da fala original.)
